24 de junho de 2011

Rimas da Amora Simples

Se a memória 
da amora, 
não compensar a do espinho, 
Só a fome 
atreve a mão 
a fazer-se-lhe ao caminho. 
Na abundância 
da estufa 
impera o morango a pacote. 
Não há razões 
de ir à silva 
e arriscar-se num corte. 
Dali se alimentam pássaros; 
umas cansam-se no chão. 
Há uns radicais 
que as comem, 
em desportos de verão. 
As outras minguam 
sementes, 
esquecidas já do sabor, 
sem vantagens de mercado, 
que é quem 
Nos Define o Valor.

Mas há quem guarde gatilhos, 
antigos, 
sem medo aos espinhos, 
e salive 
por amoras silvestres, 
mesmo que tenha... 
mirtílos.

 :) 

 Escrito hoje, mais um dia em que não comi amoras silvestres :)

11 de junho de 2011

Lanternas

Não quero que desçam lanternas dos céus esta noite, aqui só!

Porque as lanternas garridas irrompem nos olhos adentro, e por rasgadas pupilas, cortinas abertas, desenham-me um nó.(Sob a luz, por sistema, sobressaem sintomas, maclados em cor).

Por isso, impeçam que desçam lanternas dos céus a alumiar, esta noite! Que o ventre quer ventre, voltar-se à escuridão, ser perene e gerar. De ausência de fora aconchega-se a funda imersão, em abraço. Um nicho aninhado de bicho, acossado e a catar-se o cansaço.

Não deixem que baixem lanternas dos céus, as estrelas, ou lua; que em mim dançaram demónios e agora, acalmados, ergo-me do chão. Vou ao escuro do ventre da terra, à mão do principio, banhar-me no nada. Que o nada estica-me o corpo nas cordas do ímpeto da transformação.

18.05.2011

Destaques

Feriado

O tempo livre da manhã cedo ping a do beirado alaranjado  de telhas de meia cana ping a  porque molha tolos por entre o café quente do feria...