13 de março de 2022

Retrato repetitivo em geometrias de guerra (Perspetivas)


Vista explodida, sem paz
E...
Agora as mulheres vão
com crianças pela mão…
Só mulheres e crianças…
mais crianças e mulheres…
Distanciam-se os viveres
sob explosões e ameaças.
São as mães, as tias e avós,
filhos, sobrinhos e netos,
de ontem rasgaram afetos,
vão juntos, sentem-se sós.
Atrás das mulheres vão
as crianças pela mão,
atravessando as fronteiras
que as designam estrangeiras.
São diagonais de longe,
retas que atingem de perto
uma alma surda que range
o destino feito incerto.
Atrás das mulheres vão
mais mulheres e crianças
com crianças pela mão.
É o feminino em fila
uma infância posta em linha
de fuga. A profundidade
sem convergência não tinha
um horizonte e esperanças,
pois quando esta se afunila
persegue-se outra verdade.
Vista explodida, loquaz,
da ilusão que se desfaz.

Na ampulheta se escoam,
quem sabe se voltarão,
as crianças e as mulheres.
Pra trás, fica a outra metade,
olhos d'água, ansiedade.
São vivos ou já cadáveres?
Homens cravados na terra
improvisados na guerra.
Entre três pólos opostos
as armas, nervos e sustos.
Cravados na sua terra,
perspetiva de três pontos,
homens forçados à guerra.
Peões num jogo maior
de forças e do agressor.
Há pólos na horizontal
de grilhões e fel compostos
muitas omissões e apostas
que os forçam à vertical
para não quebrar as costas.
Homens compostos de guerra,
entre três pontos, arestas,
cruzados sobre a sua terra,
tornam-se nacionalistas.
É deles o contraplano
cujo corpo apara o dano
e da vista militar
vem medo do nuclear.
Visão explodida, eficaz,
em peças mais um país.

No plasma, o olho de peixe
remonta o lego das peças
em notícias ao segundo.
Faz heróis, destrói esperanças,
há mortos, explosões e fumo.
Dicotomias com pressa,
(o complexo que se lixe)!
tudo é pra mostrar ao mundo,
menos o que não interessa
ao seu clicbait de consumo.
E por entre as distorções
surgem os glitches e falhas
das bocas de alguns cabrões:
“Lá vem uma, lá vão duas,
refugiadas a chegar.
Uma é minha, outra é tua,
com fome hão-de aceitar.”
(- Vão de retro, seus canalhas!
Hienas do patriarcado,
que vos mirre e caia o nabo!)
Em mesas, várias nações
infladas fazem gravatas
ao direito que sobeja.
Querem armas e sanções,
triste paz que se planeja.
E com preços a subir
é muita ironia ouvir
que o problema é rimar
corrupção com adesão.
Todos temos de mudar.

Foi esta explosão mordaz?
Ou fratal de humanidade
inconseguida, incapaz?
Queria ver o reverso
diagrama de construção,
de aceitação do diverso.
Viver sem rivalidade
no gasto e organização,
vista explodida, quiçás,
apta pra alcançar à paz!

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