(Que o parta!)
irisou-me a retina
no diâmetro da tarde
Que espanto!
Era enorme e vi-o
(Não me deve ter visto)
arredondado
a disparar gotas
como flechas
em inglês
em alemão
(Retesei os olhos
a tentar captá-lo)
através da corda
hirta de nuvens
(fugiu-me das mãos)
Era um arco de chuva
sobre a minha concha
e quis vir escrevê-lo
nas línguas
nas lendas
nas lingua-lendas
Quando foi ponte de Iris
do céu para a terra.
Quando molhou as barbas
de Noé
pela eternidade
(como a velha arqueada
nos contava por cá)
Era um arco relâmpago
na boca de Itália
depois das tempestades
e um simples arco
no céu francês
Mas por baixo
da língua da minha terra
(e de outras
que se viram gregas
para o admirar)
tinha as cores dos olhos
e dos lírios ao sol
à espreita
Pois...
o raio que o parta
do arco
partiu-me
Escrevi e apaguei
escrevinhei e rasguei
(Não fluía... só pairava)
a água em suspenso
a caneta em suspense
Devia ter tirado os óculos
As gotas frias
a bater na emoção
(Leve, levemente,
como quem
chama por mim)
condensaram-se
Embaciaram-me!
Tive de ir buscar um pano
... e usá-lo
para poder ver
(Não se pode desistir