Arrebatadora!
Arrebatadora e implacável nasce-me, no fim do inverno, uma ânsia de desejos que percorrem os mil braços por onde não podem escorrer. (Só tenho dois... e atados a notas de 100 euros). É uma ânsia que não se sacode e se espatifa aguda contra a barreira de um só caminho de perna e passo, contados e numerados.
Calma aí!
Dizem que não.
Indiferentes à flecha do tempo, golfadas de ideias emaranhadas não fluem em fios de sentido que se organizem. Nenhuma espera que outra tome a dianteira para a seguir, e em vez disso todas acorrem quando se lembram, aos gritos altos, dispostas a interpor-se umas às outras porque dizem que são urgentes.(O desdém da omnipotência em corpo humano). Cada vontade é urgente! Mas são demasiadas! É tudo urgente e vital na Primavera!
Rebentam-me emoções e vontades a querer despontar da humidade invernal em casca sossegada, mas a torrente paralisa de tão frenética. O excesso aniquila o prazer do novo e os rebentos prematuros são cauterizados pelo frio da alma arrefecida; pelo corpo que ainda quer hibernar mais um bocado; pela condição de quem só processa um segundo de cada vez.
Calma aí! - Disse eu! - Ainda tenho de ajeitar os ramos. Nasçam lá uma de cada vez.
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