Lá vai um, lá vão dois,
três Chico-espertos a passar.
Um travou-te, outro tramou-te
e o outro está-te a roubar.
Já basta de Chico-espertos
são uma praga Nacional.
É urgente abrir a caça
ao infestante animal!
Discretos, como a carraça,
assumem muitos formatos,
e ao sair dos buracos
de todos fazem pirraça
por entre ardis e boatos.
Com pressa, a ziguezaguear
o esperto faz-se à estrada
a acelerar, prego a fundo,
não espera, que se enfada,
acha que é dono do mundo!
Mas caem luzes vermelhas,
ouvem-se os pneus a chiar.
“Estou rodeado de aselhas!”
- começa o Chico a gritar.
Lá vai um, lá vão dois,
três Chico-espertos a passar.
Um travou-te, outro tramou-te
e o outro está-te a roubar.
Autoditada na lábia
de uma moral muito dúbia,
o Chico adere ao partido
para cultivar “amizades”.
Depois aguarda o devido
curso, cargo ou facilidades.
Nascido de olho aberto
para a lei do menor esforço
desconhece o que é remorso.
Acha estranho que alguém
não faça o que mais convém
por ter noção da justiça.
- “Esse aí tem é preguiça”!
Porque ele está bem de manha,
da cobra até vende a banha!
Mas por entre os favorzinhos
e os malabares do umbigo,
não se lhe conta um amigo.
Lá vai um, lá vão dois,
Três Chico-espertos a passar.
Um travou-te, outro tramou-te
e o outro está-te a roubar.
Um gestorzinho ambicioso
perito da arte estatística
forjou um parecer danoso
sem se achar um vigarista.
Este esperto é perigoso,
faz dos números joguete
e distorce a realidade.
Mas desde que se abolete,
quem saberá a verdade?
Tiveste azar Chico-esperto,
alguém topou a tua mão.
“Os dados não batem certo!
Este gajo é um aldrabão!”
Podes ficar boquiaberto.
Nem todo o teu ar janota
as luvas ou o palavreado
ocultaram a batota.
Estás aqui, estás enjaulado!
Lá vai um, lá vão dois,
três Chico-espertos a passar.
Um travou-te, outro tramou-te
e o outro está-te a roubar.
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