O rio move miniaturas do outro lado da margem, do outro lado da planura riscada pelas rotas dos barcos. Entre cá e lá pardais e um cuco são maiores que um camião mas menores que um barco à vela. Um casal de borboletas persegue-se e brinca perto de uma laranja onde o ar se senta. Nenhuma caberia nas janelas dos apartamentos e casas bidimensionais do postal de fundo.
Dimensões.
A àgua separa. Mas o rio une.
O rio estabelece a dimensão sem dar uma escala à distância que existe entre as duas margens. A distância está em muitos pormaiores entre margens.
Há tantas margens.
Há margens salgadas entre a África e a Europa, o próximo oriente e a Europa. Da Europa não se vêem as outras margens do mediterrâneo. O postal da margem africana ou do oriente médio é impresso em papel ou transmitido numa parede.
Fazia falta ver a dimensão da humanidade ondulada na outra margem. Assim, as borboletas, os pardais e os cucos pacíficos parecem mais urgentes. Tornam-se maiores do que o desespero de quem encara as àguas sem o horizonte visível e se atira na esperança invisível...
A distância deturpa a visão.
A distância não é só física.
Há aqui dimensões em falta.
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