29 de dezembro de 2023
(Diz) Farsa, Origem da Alma
27 de dezembro de 2023
Sacode
O medo traz muitos olhos
a espreitar dos cantos
a insegurança e os perigos
Mas quando se fixa
como ângulo de visão
torna-se os olhos de ler a vida
e deturpa a luz
como mágoa
gelatinoso, azedo, arrastado,
ou exuberante aos gritos
Deturpa até as sombras
povoadas de "ses"
e relê toda a estória
O medo filtra as papoilas
o ritmo das borboletas
e escoa a dor
para a chávena de beber certezas
cheias de razões
deitando as borras no lixo
Quando o medo se fixa
e o medo são olhos vesgos
e o medo entupiu os filtros
é inútil
estragou-se
está na altura de o desencravar
de deslocar os ângulos
agitar tudo
e olhar por outro prisma
Sacode!
28.12.23
24 de dezembro de 2023
9 de dezembro de 2023
Bétula Branca
Ensinaste-me na Serra a escrever
na casca da Bétula Branca
Mais tarde ofereci essa ciência ao Amor
e com surpresa ele aprendeu
Foi por isso que recebi as Cartas das Cascas
que guardo numa gaveta
Por causa de ti e de ti que não se amavam
Por causa de mim que amava os dois
Por causa da Bétula Branca
e dos seus costumes na Serra
Ainda bem que não me ensinaste a fazer chá
A Bétula Branca tinha perdido as palavras
e eu o encanto com que lhe toco
um encanto a segredar por trás das cascas
27 de novembro de 2023
O espelho: Artifício interligado
Off/ On
macaco de imitação
gerador de criação
Sem pulso/ Impulso
diferença de potencial
com potencial na diferença
Máquina/ Humana
artifícios interligados
por universos de dados
Alexa/ Ana
Siri ou Cortana servem,
sem ser à mesa, os Senhores
Chatbots/Operadores
precisos eletrões em dança
a linguajar nos corredores
Neurais/ Neurónios
por redes fundas a disparar
sinapses com alvo ao futuro
Chat GPT/ tanto a ler
só porque uma vez explodiu
um espelho na casa de Turing
É lógico/ às vezes
e pouco depois Macarthy IA
precisar de pentear as barbas
É Reflexo/ Real
da libertinagem de zeros e uns
na tela plana, espectro de luz
Algoritmos/ Alimentos
Digeres assim, DABUS?
Veremos
e entretanto a bolsa engorda
da cotação de empresas de
AI!
espelhos sem patente!
Ups/ hide down.
11.2023
23 de outubro de 2023
Nos trilhos da Estrela
Ao chegarvejo-te ao longeensimesmada gigante,Estrela minha, ascendente,e a cada sazonal regressotu quietado teu regaçoofertas-me os vales e montesde quem anseio um abraçodispões lagoas e fontespara desaguar do cansaçoe vestesa mais viva corrubra em matizes, no ocaso.Cerzida de urzee giestapor entre granitos roladosembalas os filhos nos galhosque resistem à raziade incêndiosacumuladosde solos abandonadose dos invernos de idadesa carpir-te de saudades.Serra que gera e que morresolidez que gelamas chove,ciclo natural de esperanças.Subo na tua mãoveredas,mourejo o coruto de Alfátimapelos figos que a lenda urde.Lá em cima, escuto o rumordas faldasdo Castro Verdee dos prantos que a penha verte.Depois, vigio a cabeçasem corpo, do velho, que falta,deve andar no pastoreio.E vou aoVale do Rossimespalhar-me pela água a meio.Por estradasesburacadaschego às Penhas Douradas.No maior Tor fico miúdae chamo, cheia de coragem:- Oh cântaroos!Os, os, os...Sussurra do além a paisagem.Atalho chalés e pinheirosfixa no Fragão do Corvoninho de rocha a apontarpara a explosãode relevodo Zêzere e do seu glaciar.Observoo Observatóriomas digo adeus ao cenárioquero ir ao Mondeguinhopara cumprir a tradiçãode o saltarao pé-coxinho.Invocação de água, evocasos fluxos da emigraçãoa esvaziar as barrocase a acelerar a erosão.Educasno desapegoaldeias, que perdem o jogo.Vem o fuscopiam sombraso fresco estala o calore surge a madrinha beirão teu dossel, Aldebarã,para aconchegar-teo burel.Traz leite da via de estrelase grilos no breu, a rebate.O tempo irrompe por dentro.Serra gigante, embrulhada,a dormirna diagonaldas sortes de Portugal.
15 de outubro de 2023
"O poema que não existe" da Grande Coisa
"O poema que não existe"🥰, uma homenagem da Grande Coisa a todos os poetas que lutaram contra regimes opressores nos séc. XX/XXI e lhes resistiram, bem como à beleza que perdemos quando foram torturados e/ou pereceram...
Podem ver a instalação no FOLIO - Festival Literário Internacional de Óbidos 2023.
1 de outubro de 2023
Sair de Si
Nós,
redondos do ócio
de apenas estar,
inúmeros
planos
decepados.
Somente nós,
marcados dos anos
como dedos de ramos
ausentes das histórias
das árvores do teto,
que me espiam
solta na cama
a vê-los.
Nós
como olhos
maquilhados
a reverberar eras
concêntricas de esperas
de pinho ou carvalho
discretos nos móveis
atalaias de soalho
bulício de copa
cortada.
Nós
cegas feridas
de um corpo fixo
de raiz no relógio de areia
de química e micélio a conversar
sob o solo do bosque em rede.
É uma existência tão díspar
que apenas se concebe
ao sair de Si
…
e chegar
ao Dó
…
Sair é difícil
Há tantos
nós
15 de agosto de 2023
16 de julho de 2023
Polisulfato sódico de pentosano
duas rugas,
uma variz,
que soa mal sem
o plural,
mas esse que não venha
e se fique a veia,
só,
varicosa.
Por Guimarães!
Soam aqui ecos
Oh mano João!
Deve ser da idade
e da falta de exercício.
Prescrição da web:
corridas,
cremes impronunciáveis.
... penso é em férias.
Além de varizes,
o tempo também traz as férias.
16.07.2023
9 de julho de 2023
Meia-lua
ao vento,
Destaques
Nevão
Neva na Serra e ninguém disso duvida mas daqui do sopé já ninguém a vê e daqui do sopé já ninguém lá vai. Sumiu uma Serra na magia branca...