Ao chegarvejo-te ao longeensimesmada gigante,Estrela minha, ascendente,e a cada sazonal regressotu quietado teu regaçoofertas-me os vales e montesde quem anseio um abraçodispões lagoas e fontespara desaguar do cansaçoe vestesa mais viva corrubra em matizes, no ocaso.Cerzida de urzee giestapor entre granitos roladosembalas os filhos nos galhosque resistem à raziade incêndiosacumuladosde solos abandonadose dos invernos de idadesa carpir-te de saudades.Serra que gera e que morresolidez que gelamas chove,ciclo natural de esperanças.Subo na tua mãoveredas,mourejo o coruto de Alfátimapelos figos que a lenda urde.Lá em cima, escuto o rumordas faldasdo Castro Verdee dos prantos que a penha verte.Depois, vigio a cabeçasem corpo, do velho, que falta,deve andar no pastoreio.E vou aoVale do Rossimespalhar-me pela água a meio.Por estradasesburacadaschego às Penhas Douradas.No maior Tor fico miúdae chamo, cheia de coragem:- Oh cântaroos!Os, os, os...Sussurra do além a paisagem.Atalho chalés e pinheirosfixa no Fragão do Corvoninho de rocha a apontarpara a explosãode relevodo Zêzere e do seu glaciar.Observoo Observatóriomas digo adeus ao cenárioquero ir ao Mondeguinhopara cumprir a tradiçãode o saltarao pé-coxinho.Invocação de água, evocasos fluxos da emigraçãoa esvaziar as barrocase a acelerar a erosão.Educasno desapegoaldeias, que perdem o jogo.Vem o fuscopiam sombraso fresco estala o calore surge a madrinha beirão teu dossel, Aldebarã,para aconchegar-teo burel.Traz leite da via de estrelase grilos no breu, a rebate.O tempo irrompe por dentro.Serra gigante, embrulhada,a dormirna diagonaldas sortes de Portugal.