Um dia vestiu-se daquilo que nunca soubera existir para explorar novos horizontes e experimentar, entrever, os desejos do que quereria tornar-se um dia. Depois essa roupagem colou-se-lhe ao corpo e deixou de encontrar à volta qualquer outra com amplitude suficiente para cobrir as formas nuas da carne viva, entretanto mudadas.
Disfarçada, em todos os finais de cada dia abeirava-se do mar de imagens e de sombras, passadas e presentes, escorrendo-as por entre os dedos como areia fina e desfiando o choro do apaziguamento em cada despir despojado. Encontrava-se assim na penumbra enfeitiçada, alcançando a felicidade da paz num caderno aberto e na negação de qualquer roupagem. Naquele ambiente ninguém jamais sentira frio ou espirrara contra correntes de ar porque ali luziam chamas de verdade a quente.
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