17 de agosto de 2024

Bella vulgaria

A vespa gigante infiltrou a casa
saída da noite a escutar a luz
elétrica atacou as paredes
brancas 
a batuques nos estuques
de esbaforir quaisquer gentes
Apaga a luz, abaixa-te aí!
Acende a da rua, a ver se ela sai!
Bréu sonoro por segundos

mas zumbe um bizarro banzé 
O que é isto? 
O que é que é?
Com as asas embaraçadas
a vespa espetou-se na teia do beirado 
e agora esperneia
aterrorizada depois de aterrar
Para ela acorre uma aranha
a seda soou ao jantar e
os oito olhos luzem de sanha 
ao vir com zelo reforçar a cadeia
por onde a vespa rabeia
não se vai deixar roubar
Quem achas que vai ganhar?
A aranha fia 
para ver se a enleia
e se com as queliceras a estonteia
mas a vespa inteira retorce e guerreia
e de ferrão erguido torneia e golpeia
Vê a vida por um fio 
e teme a ironia desse epitáfio.
Coitada da vespa! Já foi!
A aranha insiste 
tenta picar e fia mas
a vespa estrebucha com resiliência 
e tanta força faz 
que a aranha se afasta
libertando o fôlego da contorcionista
para romper a cadeia
e reaver a esperança
levando consigo as presas da teia 
A vespa escapou!  Protejam-se! 
Parece furiosa 
mas estampa a beleza
cruel e ardilosa 
da natureza




Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaques

Costa In nos lápis e tintas do verão

Manhã de agosto com café e croissant misto 😋