A vespa gigante infiltrou a casa
saída da noite a escutar a luz
elétrica atacou as paredes
brancas
a batuques nos estuques
de esbaforir quaisquer gentes
Apaga a luz, abaixa-te aí!
Acende a da rua, a ver se ela sai!
Bréu sonoro por segundos
mas zumbe um bizarro banzé
O que é isto?
O que é que é?
Com as asas embaraçadas
a vespa espetou-se na teia do beirado
e agora esperneia
aterrorizada depois de aterrar
Para ela acorre uma aranha
a seda soou ao jantar e
os oito olhos luzem de sanha
ao vir com zelo reforçar a cadeia
por onde a vespa rabeia
não se vai deixar roubar
Quem achas que vai ganhar?
A aranha fia
para ver se a enleia
e se com as queliceras a estonteia
mas a vespa inteira retorce e guerreia
e de ferrão erguido torneia e golpeia
Vê a vida por um fio
e teme a ironia desse epitáfio.
Coitada da vespa! Já foi!
A aranha insiste
tenta picar e fia mas
a vespa estrebucha com resiliência
e tanta força faz
que a aranha se afasta
libertando o fôlego da contorcionista
para romper a cadeia
e reaver a esperança
levando consigo as presas da teia
A vespa escapou! Protejam-se!
Parece furiosa
mas estampa a beleza
cruel e ardilosa
da natureza
17 de agosto de 2024
Bella vulgaria
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