5 de maio de 2009
Primavera
A conversa decorria fluída por sobre a erva verde-azul do fim de tarde quente e lassa. Braços e pernas pendidos na manta natural do solo, com cheiro a rio e a aragem fofa, marcada pelo grasnar de fileiras de patos e tonalidades de laranja em roxo. No meio das palavras, pontilhadas a silêncio do rumorejar brando das margens, ouviu-se dizer:
Sim, é verdade que desejo o amor, mas por um qualquer artifício... pareço não querer encontrá-lo nos homens concretos e sim num plano qualquer de existência que nem se quer reconheço porque pelos vistos também não estou lá.
Só então reparou que esmagava, misturando pétalas, flores brancas e azuis de espontaneidade e que efectivamente a primavera chegara sem avisar.
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