24 de novembro de 2009
Anonimato
Podemos aceitar ser anónimos entre estranhos… mas não perto dos amigos e familiares. Às vezes surge o desejo desse anonimato, do poder sentir simplesmente o momento, despojado de nós, do passado e do futuro. Só mais um, entre estranhos… mas isso não é possível na aldeia onde se nasceu. Não é possível no meio da família e dos amigos, por isso à vezes emigra-se, e de lá longe fazem-se muitas coisas e vive-se o presente.
14 de novembro de 2009
Ninho de gato
Mio... hoje mio e mio alto,
porque miar é inerente ao gato
e me revi, matinal, nesse retrato.
Com vastos bigodes desfiados
e a querer oferecer-me aos miados...
Rocei-me na fímbria da velha
e levei com uma pedra dura.
escorreguei por uma telha
e deram-me com a vassoura.
Miaaaauuuu!
E eu hoje que só queria...
uns carinhos no focinho,
o mimo de um bom toucinho,
mas parece que não havia...
E eu bem os dei... sorrisos leves,
soltei-os pelo canavial,
Dei até festas ao cão, mas breves,
não fosse ele... entender mal.
Miaaaauuuu!
Ah, mas mal me parecia...
Isto nem resulta aqui,
nem na outra freguesia...
Pra esquecer a fome de tanto,
sem ninguém que por mim espreite,
só me resto eu no meu canto
de gato aninhado e sem leite...
14.05.09
8 de novembro de 2009
Oficinas de S. Martinho 2009
Os dedos que tocam e exploram, aprendem. Os dedos que libertam
o som, nos instrumentos.Os dedos de mão aberta e mão fechada,
no violino, no cavaquinho, na concertina,na pandeireta, no adufe,
nas percussões,os dedos na Gaita e na fraita, os dedos nos paus
onde se não pode acertar. Os dedos que se mexem e entrelaçam.
Corropios de dedos também em abraços. Dedos de conversa e
amizade,dedos especiais em braços abertos. Dedos à volta de uma
bebida quente à chuva. Dedos de mãos dadas na dança e dedos que
estalam no ar.
Dedos das mãos que maravilham e constroem. Onde nada havia, tudo
se transformou e encheu. Dedos dos pés que nos carregam no
maravilhoso encontro e encanto de estarmos, de nos darmos, de
partilharmos, sempre ao som da musica de hoje e de antanho,
sempre na dança dos movimentos.
Bem haja a quem esteve nesta 3ª edição das Oficinas de S.
Martinho, a quem colaborou, se deu, nos deu! Acordo hoje com um
sorriso de orelha a orelha, desenhado pelos vossos dedos...
E mais, que entretanto veio à luz do dia... tivemos direito a artigo no Diário de Coimbra de hoje. Ora vejam...
o som, nos instrumentos.Os dedos de mão aberta e mão fechada,
no violino, no cavaquinho, na concertina,na pandeireta, no adufe,
nas percussões,os dedos na Gaita e na fraita, os dedos nos paus
onde se não pode acertar. Os dedos que se mexem e entrelaçam.
Corropios de dedos também em abraços. Dedos de conversa e
amizade,dedos especiais em braços abertos. Dedos à volta de uma
bebida quente à chuva. Dedos de mãos dadas na dança e dedos que
estalam no ar.
Dedos das mãos que maravilham e constroem. Onde nada havia, tudo
se transformou e encheu. Dedos dos pés que nos carregam no
maravilhoso encontro e encanto de estarmos, de nos darmos, de
partilharmos, sempre ao som da musica de hoje e de antanho,
sempre na dança dos movimentos.
Bem haja a quem esteve nesta 3ª edição das Oficinas de S.
Martinho, a quem colaborou, se deu, nos deu! Acordo hoje com um
sorriso de orelha a orelha, desenhado pelos vossos dedos...
E mais, que entretanto veio à luz do dia... tivemos direito a artigo no Diário de Coimbra de hoje. Ora vejam...
1 de novembro de 2009
Fides
Chove na rua uma água fina e insonora de paz e bênção. A verticalidade espalha-se derramada e sobe depois ao ar, recheada de odores da terra fresca. Cai-se do branco celeste, em traços curtos que agitam a paisagem repousada e quieta... abandonada ali, escoada das gentes e dos seus passos curtos.
Indiferente, a rua chove... e dali me alcança numa aragem fresca e simples de conforto e protecção. Olho-a como chegou, literalmente uma dádiva celeste de um pacato céu de domingo... que assim me oferece o usufruto do presente, sem pedir em troca qualquer demonstração de fé.
01.11.09
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