11 de dezembro de 2022
Do Arco-da-velha
20 de novembro de 2022
Isto não é o ciclo da água
por baixo dos pingos da chuva.
Casacos e chapéus correm
fugindo dos pingos da chuva
e todos os preços sobem
por entre os pingos da chuva.
Não faz mal
que caiam os pingos da chuva.
porque as janelas fecham-se
por detrás dos frios da chuva
e a luz de casa reflecte-se
por todos os prismas da chuva.
É bonito.
Infiltração,
Evaporação e transpiração,
Condensação.
Entretanto,
cresce o lucro dos magnatas
infiltrado e de branca luva
e os rios enchem cascatas
e há homens que vivem na rua.
Nas TVs
digitais, sem riscos de “chuva”,
falam de uma recessão
e contam-nos, os manda-chuva,
que a guerra é a explicação,
não houve qualquer falcatrua.
Podia ser…
Infiltração,
Evaporação e transpiração,
Condensação,
Precipitação.
É Novembro,
nuvens precipitam-se em chuva,
tão natural como a água,
como a sede que a anseia e louva.
Só que a recessão é ambígua
repete-se
para quebrar a rima.
Repete-se para
partir o ritmo.
Não muda o compasso da chuva
mas atinge-nos caída “do céu”.
Faz parte de outro ciclo.
O da chuva é natural.
O da recessão,
não.
12 de novembro de 2022
27 de outubro de 2022
Até já, amigos!
24 de outubro de 2022
Naturalmente incorreto
Escrevi um texto
escrevi um texto há bocado
com toda a indignação das emoções primárias
bebidas em segunda mão no noticiário.
Nasceu-me um texto zangado
porque é em lutas que soluçamos os dias
com lentes parciais
Não lhes estou imunizada,
às emoções do umbigo,
às armadilhas de ser o ponto um
onde inicio os pensamentos que emano
ao emprenhar de ouvido
que eu
escrevi um texto zangado
que me emocionei demasiado
juntei três de ontem com um de hoje
que há egoísmos no seu resultado.
Envolvi-me demais e não vi as vistas largas
todos os pontos de todos os lados.
Não ficou bem estruturado.
O que escrevi é parcial e então podia apagá-lo...
Não está em mim
Vou lá
ou para que seja ignorado
Ele que se faça à vida
porque se assemelha a ela
incompleto e parcial
não só razão
Nasceu um texto mal formatado
que não era perfeito
ainda há bocado
10 de setembro de 2022
25 de agosto de 2022
23 de agosto de 2022
Valência / Valencia
Um dos passatempos da visita a Valência acabou por ser colecionar os graffitis do David de limón. Já conhecia este mascarado de algum lado mas não sabia que o artista era de Valência nem o seu nome.
Só depois de ter reparado na repetição fui procurar informações e então comecei a tentar colecioná-los 😁. Sei que há muito mais mas estes foram os que me apareceram pelo caminho 😉🥰.
Aqui fica a coleção junto com três grafittis de que gostei muito, de outros artistas. O coração é de La Nena Wapa y Stool, o painel de tecido não sei e último da direita é da Julieta XLF. Muito mais havia lá mas fica para outra viagem.
11 de maio de 2022
Anfiguri no séc. XXI
8 de maio de 2022
Desejo gelado
12 de abril de 2022
13 de março de 2022
Retrato repetitivo em geometrias de guerra (Perspetivas)
Vista explodida, sem paz
E...
mais crianças e mulheres…
Distanciam-se os viveres
sob explosões e ameaças.
São as mães, as tias e avós,
filhos, sobrinhos e netos,
de ontem rasgaram afetos,
vão juntos, sentem-se sós.
Atrás das mulheres vão
as crianças pela mão,
atravessando as fronteiras
que as designam estrangeiras.
São diagonais de longe,
retas que atingem de perto
uma alma surda que range
o destino feito incerto.
Atrás das mulheres vão
mais mulheres e crianças
com crianças pela mão.
É o feminino em fila
uma infância posta em linha
de fuga. A profundidade
sem convergência não tinha
um horizonte e esperanças,
pois quando esta se afunila
persegue-se outra verdade.
Vista explodida, loquaz,
da ilusão que se desfaz.
Na ampulheta se escoam,
quem sabe se voltarão,
as crianças e as mulheres.
Pra trás, fica a outra metade,
olhos d'água, ansiedade.
São vivos ou já cadáveres?
Homens cravados na terra
improvisados na guerra.
Entre três pólos opostos
as armas, nervos e sustos.
Cravados na sua terra,
perspetiva de três pontos,
homens forçados à guerra.
Peões num jogo maior
de forças e do agressor.
Há pólos na horizontal
de grilhões e fel compostos
muitas omissões e apostas
que os forçam à vertical
para não quebrar as costas.
Homens compostos de guerra,
entre três pontos, arestas,
cruzados sobre a sua terra,
tornam-se nacionalistas.
É deles o contraplano
cujo corpo apara o dano
e da vista militar
vem medo do nuclear.
Visão explodida, eficaz,
em peças mais um país.
No plasma, o olho de peixe
remonta o lego das peças
em notícias ao segundo.
Faz heróis, destrói esperanças,
há mortos, explosões e fumo.
Dicotomias com pressa,
(o complexo que se lixe)!
tudo é pra mostrar ao mundo,
menos o que não interessa
ao seu clicbait de consumo.
E por entre as distorções
surgem os glitches e falhas
das bocas de alguns cabrões:
“Lá vem uma, lá vão duas,
refugiadas a chegar.
Uma é minha, outra é tua,
com fome hão-de aceitar.”
(- Vão de retro, seus canalhas!
Hienas do patriarcado,
que vos mirre e caia o nabo!)
Em mesas, várias nações
infladas fazem gravatas
ao direito que sobeja.
Querem armas e sanções,
triste paz que se planeja.
E com preços a subir
é muita ironia ouvir
que o problema é rimar
corrupção com adesão.
Todos temos de mudar.
Foi esta explosão mordaz?
Ou fratal de humanidade
inconseguida, incapaz?
Queria ver o reverso
diagrama de construção,
de aceitação do diverso.
Viver sem rivalidade
no gasto e organização,
vista explodida, quiçás,
apta pra alcançar à paz!
9 de fevereiro de 2022
Striptease
Aos poucos dispo as peças,
disposta a um striptease...
de fés que usei ao segundo
no tempo em que amava o mundo.
Mas podem hoje cair lestas,
falta tesão que as suporte.
Não são valores em crise,
são trapos velhos, má sorte.
Sigo o ritmo em striptease
p'ra que cada fé deslize
com os acordes da Pop.
Tiro o altruísmo primeiro.
Agito-o ao som frenético
de um egoísmo genético.
A empatia cai por inteiro
e jaz de estertor artístico
pois repudiar é valor
se a diferença se estranha
e o indivíduo se entranha.
Depois desenfio o amor
dos fios do tear místico.
Sai devagar mas compensa,
tráz a paz da indiferença.
Como há muitas verdades
vou-as destapando à vez
p'ra criar afinidades
no logro e desfaçatez.
Por fim rasgo-me a coragem
que ainda agora me cobria,
faz-me parecer selvagem,
é mais moderna a fobia.
Nua por ti, finalmente,
Alma a cru, para agradar,
Sem nada, mal-afamada,
Mundo que encaro de frente,
não te consigo aceitar!
Só não me sinto culpada
e vejo então o meu fracasso:
Ficou a inocência escondida,
por dentro, e trás no regaço
a roupa que foi despida.
Diz que a vista e vá à vida.
09.02.2022
4 de fevereiro de 2022
Esfingimento
Nasço às vezes da
Quimera
de sentido e união.
Neta de cobra e
tufão,
gente absurda mas
sincera.
Ao nascer vou
colorida,
Pandora de caixa
cheia,
mas surgem questões à
vida
no real da caminhada
e vejo que estou
travada.
É isso que desnorteia.
Nasço às vezes da
Quimera,
irmã de quem me
restringe,
sou bloqueada p'la
Esfinge,
forçada a ficar à
espera!
Ela ordena
interrogações
E eu finjo, finjo em
vão,
que controlo as
emoções,
que sei respostas a
dar,
ou que elas, se
aguardar,
um dia me
encontrarão.
Nasço às vezes da
Quimera
e não sei o que lhe
faça.
Por vezes acho-lhe
graça,
outras, já me desespera.
Escritora
esfingidora,
que não pode ser
poeta,
esfinge tão
completamente
as utopias que sente,
em mitos questiona a
dor
para ver se se
liberta.
Destaques
O que é que achas?
O que é que achas? O que queres que te responda? Qual é a tua opinião? Acho que raras vezes alguém quer opiniões de facto. E se me sai...