3 de março de 2009

Bailarina

De pé em arco, sem sombrinha, 
inspirada por alma de artista, 
mas sem saber bem ao que vinha, 
a bailarina equilibrista, 
em traje da mais fina malha, 
qual fio de prumo, a rigor, 
pousou-se no fio da navalha, 
disposta a lançar-se no amor.












Mirou risonha, pendente do céu, 
a razão dos suspiros... e estremeceu. 
Pois mal ele olhou, e ela lhe sorriu, 
o mundo inteirinho, apagou-se e fugiu. 
Ficou-se a verdade, simples e desnudada, 
de desejo exposto na face rosada. 
E lançou-se ao ar, na ronda do vento, 
de braços abertos, com um novo alento. 

Balança o baloiço, que se exibe e mostra, 
ele que aprecie, que veja se gosta. 
O prumo, o rigor, a arte flexível 
a cadência elegante do esforço invisível. 
Ele anui que sim, que é bela a dança, 
mas de pescoço torto, tão logo se cansa. 
Ora a bailarina, sem esperar por nada, 
depressa tropeça desengonçada... 

E sem rede ou apoio, a que se agarrar... 
tragou-se no gume, deixando de amar.
 
Iniciado em 2007... concluído em 2009

1 comentário:

  1. As bailarinas dançam sem rede ou apoio, em equilíbrios duvidosos.. mas é condão da sua arte deslocarem-se velozes para longe dos gumes afiados!! ;)

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