4 de março de 2009

Estendal de amores

Como de hábito e de ensino 
também ela colocou 
toda a sua roupa suja 
no tanque velho, e lavada, 
toda a sua roupa agora, 
no estendal dependurada.

Como de hábito e de ensino 
também ela se entregou 
toda inteira, verdadeira, 
a um homem, mas passada, 
toda inteira e verdadeira, 
não se viu emparelhada. 

Como de hábito e de ensino 
seria por certo falada, 
mas os tempos são hoje outros, 
a vida está… muito mudada. 
Com hábito e ensino trocado 
ninguém está muito importado. 

Mas mesmo com toda a mudança 
não se muda o que é vivido. 
E estende-se ao sol, que clareie, 
a mancha… que não se lavou. 
E estende-se ao sol, que clareie, 
a nódoa negra que ficou. 
 22.02.07

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