Espero encontrar-vos por lá... a partir de dia 31 até dia 2, em Coimbra, no Centro Norton de Matos.
Para mais informações visitem:
http://www.passagem-de-ano.net/
ou através de
http://www.rodobalho.com
Um fumo brando e branco,
De cigarro em ponta acesa,
envolvido em volutas lentas
Ao som do blues...
O corpo respirado em pausa
De solidão procurada
Por saber bem estar-se por dentro
A sós,
Sem espera
Sem mais procura
Que a de ser-se Ali.
Uma semi luz do fim do dia
De alma cheia do que havia,
A alimentar o momento.
A lassidão despojada,
Espojada no sofá,
Confortada pelos braços, pela vida
Sem expectativa.
O repouso cadenciado,
Inspirado e expirado sem noção.
E não falta nada ao momento
A sensação... o som, o fumo branco, azul do blues,
a serenidade feliz.
Fui
Um dia fui para a guerra e estive lá.
Tomou-me vinda de fora,
nos estertores das armas,
nas pernas brutas correndo montanhas,
nos punhos fechados que puxam e nos abertos que empurram,
no aço frio que corta a gume, mais que a bala,
na urgência de agir em silêncio e de imediato antes do grito.
Fui correndo ao medo, para o medo...
E ela possuiu-me, tendo-a eu possuído.
Tive a guerra.
Tive a guerra dentro do peito a toda a hora,
encerrada e expelida às golfadas ao rufar dos tambores.
Ansiosa a romper as entranhas, desvairada, contorcida,
Reactiva até aos silêncios, que a pouco e pouco desapareceram.
O rugir. O clamor que tomou conta dos membros,
Até que deixasse de ser possível imobilizá-los jamais,
Pará-los do perpétuo movimento, um instantinho que fosse,
Para descanso.
Doí-me da guerra.
Doí-me da guerra histérica e cansada sem saber como soltá-la,
Como desprender-lhe os cheiros dos cabelos e raspar a fuligem da pele.
Soldado recrutado por dentro, sem direito a licensas nos momentos mortos,
sem hipóteses de deserção.
Consumida no desvario do hábito reactivo aos vislumbres de dor,
de orgulho, poder, impotência e pranto.
Sem mapa ou outro mundo para onde pudesse fugir,
Carregando por todo o lado a caixa das munições,
Sempre pronta a disparar.
Porquê?
Não lembro inícios ou porquês explicados.
A minha origem da guerra... É que fui, estive e estou lá.
É que a tive e tenho... e que me doí histérica.
Os hurros, a exaustão, as munições em permanência,
Os gestos hábeis, reconstruindo as memórias do corpo,
Condicionaram o que o passado foi... e é só presente que resta.
Reagindo a seco, de ofensa em ofensa, sem cessar fogo.
No entanto, por entre os clarões do fundo da alma...
o paradoxo é que... Subjacente à força da guerra...
o desejo profundo é de paz.
R.I.P.
(24.09.08, Coimbra)
Que venha a força…
de percorrer o mundo em grito!
Com a guerra nos braços e no músculo do coração!
Com a guerra que não mata,
com a guerra que constrói e luta,
independentemente das conotações das palavras,
independentemente dos julgamentos de valor!
Há paredes a derrubar e paredes a erguer,
se nos casebres nos entra o frio e a chuva!
Há árvores a abater e florestas a plantar,
se o clima e as gentes a não completam!
Há conceitos a partir e ideias a criar,
se os valores se agitam dentro dos sistemas!
Há estalos a distribuir e beijos a partilhar,
se os espaços se tocam e não se são indiferentes!
Com a guerra nos braços e no músculo do coração,
já não há Amazonas, nos entretantos do devir,
mas há auroras vermelhas que pedem resolução!
Chega de palavras!
Que venha a guerra na sua onomatopeia bruta!
Soem clarins e tambores!
Que eu grito e… fui!
Vassoura
Varre…
Varre bem!
Que uma mulher deve aprender a varrer.
Varre os lixos, as louças,
varre os laços.
Varre a cozinha, os cantos,
varre os cacos.
Varre os sentidos, as saudades,
varre os sonhos.
Varre tudo para debaixo do tapete.
Para um dia ao levantares as pontas
recordares a porcaria que juntaste!
O que é que achas? O que queres que te responda? Qual é a tua opinião? Acho que raras vezes alguém quer opiniões de facto. E se me sai...